Sindrome de sininho - no mundo da fantasia, fontes permanentes de carinho e atenção

“Peter Pan é um menino loiro que mora na Terra do Nunca, um lugar que ele imaginou para fugir à monotonia e, sobretudo, para evitar assumir as responsabilidades próprias do crescimento. Peter Pan anda sempre rodeado de amigos, entre os quais se destaca a fada Sininho, uma elegante figurinha que lhe cabe na palma da mão. (…)
Peter Pan decidiu parar no tempo e recusa-se a avançar. A diminuta fadinha, eterna (e ciumenta) companheira, protege-o e alimenta-lhe a fantasia, desejando apenas agradar-lhe. Sininho faz tudo por Peter mas, ao contrário do que possamos pensar dependem afectivamente um do outro, já que Peter Pan não sobreviveria sem Sininho e vice-versa. Nenhum deles se apercebe disso, ou melhor, a fadinha vive centrada no rapaz, mas o contrário parece não se suceder. No entanto, se estivermos atentos, ao longo do filme surgem diversas situações em que é ele que a protege e acarinha.
Também na vida real, algumas mulheres sofrem de “síndrome de sininho”, ou seja, gostam de assumir o papel de protectoras e fontes permanentes de carinho e atenção. Não são ostensivas nem perturbadoras, pois a sua presença é quase invisível. Apesar de estarem sempre lá, apenas aparecem nos momentos críticos. Mas o que faz com que este tipo de relação se estabeleça? Trata-se, acima de tudo, da união de duas fragilidades. Por um lado temos um homem carente e a necessitar de colo, por outro, temos uma mulher, que por ser também carente, gosta de lhe proporcionar um ambiente acolhedor. A maior parte das vezes tudo se passa no plano do implícito, isto é, nenhum dos intervenientes se apercebe que se estabeleceu este tipo de relação, o que faz com que um deles decida quebrar o elo, ou apenas modificar o tipo de relação. Certo é que todos gostaríamos de nos sentir amados incondicionalmente, mesmo que por um pequenino ser que coubesse na palma da nossa mão. Confortava-nos a alma, saber que ele estava sempre ali, que o seu brilho nos iluminará mesmo nos dias mais escuros…"

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